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domingo, 15 de maio de 2011

Artigo - O Brasil fascinado por ARMAS de Fogo

Esta postagem não será relacionada a nenhum tutorial da UDK ou qualquer conteúdo ligado a jogos diretamente. Mas uma reflexão sobre a questão da violência e a "diversão no caos" instaurada pela indústria do entretenimento mundial. Essa postagem tem o intuito principalmente de fazer uma reflexão quanto a nossa posição como consumidores e produtores de jogos.


Desde o massacre de Realengo (episódio que abriu uma
ferida no Brasil que como o próprio autor dos crimes disse, tinha objetivo de entrar para a história matando crianças inocentes e indefesas), eu tenho estado muito emocionado e desde então tenho repensado minha posição com produtor de entretenimento em uma sociedade que hoje chora suas vítimas com "Três-oitão na mão". Escrevi esse texto um dia depois do evento trágico em Realengo, mas esperei passar um tempo para ser menos emotivo o possível diante de um tema tão importante.Link

Quando eu comecei a vida de gamer, por volta dos 5anos de idade jogando River Raid, Pac-pan, Enduro no Atari, a minha visão de entretenimento virtual foi mudando lentamente ao ponto de hoje ser algo completamente diferente do que na minha adolescência. Tudo bem, isso é Lógico. Mas o que eu procuro fazer é uma reflexão como consumidor e produtor e entender quais efeitos foram gerados em minha mentalidade acerca da indústria de entretenimento.


Até a chegada do Playstation 1, a nossa visão de jogos era bastante diferente e a diversão dependia de outros fatores distintos de questões tecnológicas ou de gráficos. Era comum, durante a adolescência, migrarmos para o centro da cidade mais próxima, como se fosse uma aventura, eu e meus amigos de bicicletas para alugar jogos na parte da manhã antes que os "filhos de papai" alugassem tudo (pois morávamos em uma favela na periferia).

Migrávamos em um bando com bicicletas pedalando 8km até chegar a locadora para alugar títulos para MegaDrive, tais como Alex Kid, Rocking Roll'Racing, Strider, Sonic, etc. Jogos cuja temática era extremamente lúdica, encantada e que não tinham como plano de fundo a realidade violenta de guerras mundiais ou urbanas, terrorismos e ameaças comunistas contra o mundo perfeito do capitalismo americano (como visto em jogos nacionalistas como Homefront e tantos outros Call of Dutys).

Por que será que jogos como estes só fazem sucesso se estiverem casados à objetos que expressam violência e a realidade caótica das guerras?

Onde foi que as armas entraram nos títulos e geraram tanto fascínio na nossa cabeça? O rapaz de Realengo aprendeu pela internet uma forma sofisticada de carregamento de um revólver calíbre 38 (arma popular no Brasil). Não vou perder o nosso tempo indagando sobre a finalidade desse assassino em aprender algo tão mortífero contra inocentes. Mas, quero questionar alguns posicionamentos acerca da indústria de entretenimento de games do qual creio ser de grande validade para fazermos uma reflexão.

Esses dias eu entrei em um cyber e vi um garoto de 10 anos jogando GTA San Andreas. Fiquei olhando a fascinação do garoto em perambular pelas ruas da cidade atropelando pedestres, batendo em carros ou até mesmo sacando armas e fuzilando todos por perto. Eu fiquei me perguntando:

Como ficamos tão fascinados pela violência explícita e sem nenhuma causa (se é que a violência tem alguma causa)?

O que fez essa troca e perda de inocência entre a minha geração e essa nova?

Onde foi que nos tornamos tão fascinados por ARMAS de Fogo?

O que há no entretenimento com uso de ARMAS de Fogo que nos fascina tanto?

Por que os jogos com gráficos ULTRA SUPER PERFEITOS e ambientalização hiperrealista das guerras viraram preferência mundial?

Por que nossa geração quer tanto sentir no mundo virtual a experiência do horror da guerra?

O episódio do Massacre de Realengo irá produzir efeitos muito maiores na indústria do entretenimento nacional do que se pode imaginar. Principalmente quanto ao conteúdo de jogos para menores. Mas, nós que somos (ou pretendemos ser) produtores de jogos no Brasil, temos que fazer uma autocrítica e repensar nossa postura e propósito na indústria de entretenimento. Coisa que a geração anterior não fez.

Iremos navegar na maré da indústria do CAOS e vender armas e armamentos pesados virtuais para nossas crianças como modelo de entretenimento ou buscar novas alternativas de conteúdos sem as prisões da indústria do terrorismo, do caos e da violência?

Clovisbatebola


Lembrando que não sou adepto da idéia de que jogos violentos geram indivíduos violentos. Isso parece mais uma desculpa do Estado para camuflar a falta de ações afirmativas que visem trabalhar a imagem do perigo das armas nas escolas para nossos pequeninos. Penso que jogos violentos devem ser destinados à um público adulto e a fiscalização tornar-se eficaz quanto aos pontos de vendas. Também quero afirmar que sou contra a indústria de armas no Brasil e a favor do DESARMAMENTO em território nacional. Cresci em uma comunidade pobre do interior Fluminense. Já tive arma apontada para a minha cabeça duas vezes, fui agredido e tive a casa invadida por ladrões. Sei bem o que é a violência do mundo virtual e o mundo real.

4 comentários:

André disse...

Vejo que alguém se importa com esse tema que muitos deixam de lado, também vejo várias crianças que jogam GTAs e se sentem fascinados, acho isso uma hipocrisia da sociedade moderna, mesmo não sendo tão velho eu também jogava os jogos que você citou e esses mesmos jogos me proporcionava mais diversão que GTAs e Call of Dutys me proporcionam hoje, as crianças de hoje deveriam jogar mais Angry Birds e jogos do tipo, pena que só produtoras independentes se preocupam em lançar títulos inovadores que não possuem violência. Eu, como aprendiz na produção de jogos, venho pensado nisso, e o que mais quero é lançar games simples, inovadores e sem armas, para fazer o olhos dos pequenos brilharem como os meus brilharam jogando Mario, Sonic e etc.

15 de maio de 2011 às 18:01
julipsm disse...

Realmente o mundo mudou bastânte desdo meu MEGADRIVE cara, sinto falta desse tempo... Sobre a opnião do Clovis de desarmamento eu só concordaria se as polícias se desarmarem também! Eu já tomei tapa na cara de polícia sem fazer nada, tinha uma arma apontada para minha cabeça!
Eu gostaria de ver o Brasil que nem a CHINA, nem policial usa arma!

16 de maio de 2011 às 11:28
Anônimo disse...

na minha opnião, acredito que o desarmamento não é nescessario, o que é nescessario simnplesmente é educar as crianças, com a educação certa a criança sabe que isso é errado, quando os pais fiscalizam a classificação etaria de um jogo como se fosse um filme ou uma novela onde eles não deixam a criança ver coisas do tipo no jogo a mesma coisa.

27 de maio de 2011 às 16:41
Rodrigo disse...

Sabe, eu tenho um filho de oito anos e tenho dificuldades para encontrar jogos para crianças pois a maioria dos bons jogos sao recheados de violencia. Parece que ninguem investe muito em jogos para crianças, eu nao entendo pois os games deveria ser mais voltados para o publico infantil e parece que so vale a pena criar jogos para adultos

28 de maio de 2011 às 06:10

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