UDK BRASIL: maio 2013

O Trágico fim de um filho

Depois de
quase uma década de luta e sofrimento, foi encontrado sem roupa o corpo
do meu primo Fernando Cesar Porto Junior, executado com vários tiros
nesta madrugada.

Ele começou as aventuras no mundo do crime a
partir dos 14anos, aliciado pelos "VICIADOS PAIS DE FAMÍLIA" (pais de
família viciados acima de qualquer suspeita que precisavam esconder seus
vícios para não atrapalhar a renda familiar e usavam menores para
buscar a droga) dos QUAIS EU SEI QUEM SÃO CADA UM. Meu primo passou a
usar drogas nessas idas e vindas, além de deixar a escola.

Após
o falecimento da mãe, vítima de câncer em 2005, ele se entregou
definitivamente ao mundo do crime envolvendo-se com drogas pesadas e
pequenos furtos. Seus parentes também foram alvo.

Em 25 de maio
de 2009, seu pai faleceu de ataque cardíaco fulminante, o que fez com
que se entregasse ainda mais a vida do crime. Começaram os períodos das
internações, além das prisões. Foram cerca de sete internações, todas
voluntárias.

Os momentos mais difíceis para nós aconteciam
quando tínhamos que conversar com as pessoas que queriam matá-lo. Nessa
hora nenhum dos "VICIADOS PAIS DE FAMÍLIA" apareciam para ajudar. Não
foram poucas as vezes em que tivemos que pagar suas dívidas. Algumas
destas os vendedores de drogas batiam em nossa porta ou pulavam o muro
da casa dos tios cobrando o dinheiro (muita das vezes a pedido do meu
primo). Tentaram entrar na minha casa uma vez quebrando o vidro da sala,
só desistiram depois que conversamos com eles.

Meu primo
tentou sair da vida "de correria" no dia da morte de minha vó, Helena
Jardim, jurando aos pés do caixão que iria se consertar. Mas, o vício e o
dinheiro fácil do mundo do crime falaram mais alto.

No começo
desse ano meu primo foi espancado e encontrado com os pulsos cortados.
Só ficamos sabendo do ocorrido por conta do hospital. Ele passou um mês
internado por conta das fraturas nas mãos e nas pernas. Recuperado,
retornou as práticas de crime e internações. A última foi após escapar
de ser executado por um milagre, segundo palavras do próprio assassino a
bala não saiu da arma. Em uma outra vez, foi salvo por um pastor que
soube que meu primo seria decapitado por pessoas do bairro (dentre eles
um dos "pais de família viciado").

Hoje de madrugada meu primo
foi caçado pelo bairro e tentou se refugiar na casa do irmão, que foi
invadida pelos algozes. Levado em um carro, seu corpo só foi encontrado
nesta manhã, nas mediações. Meu primo Fernando Cesar Porto Junior foi
assassinato no dia em que completam 4 anos da morte do pai.

Antes que os jornalistas de manchetes policiais e "blogueiros
papa-difunto" façam do corpo de meu primo um troféu, escrevi isso para
que todos saibam que meu primo teve uma vida, uma história e uma família
que o amou até o fim.

Clovisbatebola

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